sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ALCKMIN:CHEGA DE DESCASO COM OS EDUCADORES DA REDE PUBLICA DE SÃO PAULO!

Por: Profº Richard Araújo

Há poucos minutos terminou o segundo dia do Processo de Atribuição de Aulas da rede estadual de ensino e a única palavra que retrata a forma como foram tratados os professores e professoras é descaso.

As salas de aula fechadas, as regras absurdas impostas aos professores e professoras de educação física, impedidos de atribuírem em suas escolas as aulas livres do Ensino Médio Noturno e as turmas de ACD, levaram a que um processo que poderia ser tranquilo, tenha se transformado numa verdadeira sessão de tortura que durou mais de 12 horas e que teve como saldo a atribuição de substituições para quase uma centena de efetivos, e quase duas centenas de profissionais que ficaram sem aulas, se encontrando por enquanto na situação de efetivos precários.


Confusões de toda a natureza cometidas pela DER Leste 2 e a total falta de espaço físico para minimizar os desgaste de homens e mulheres, que ficaram alguns sem almoço e janta, devido ao medo de se ausentarem parcialmente do local e serem chamados para a sessão de escolha, foram apenas alguns dos exemplos de como somos tratados pelo governo estadual, que utiliza a educação como peça de suas mentiras eleitorais durante a eleição, mas que na vida real não desiste de adotar medidas, que apenas servem para piorar cada vez as já péssimas condições de trabalho na rede e que tornam o emocional dos professores e professoras da rede cada vez mais instável, fato não considerado pelo governo quando se utiliza da imprensa para lançar dúvidas sobre o grau e profundidade do adoecimento da categoria.

Mas o que esperar de um governo, que mesmo diante da visível crise que vive a educação paulista, depois de fechadas as urnas eletrônicas, adotou como uma das suas primeiras iniciativas o anúncio do corte de verbas da Educação de R$ 800 milhões? O que esperar de um governo que está envolvido em diversas denúncias de corrupção no metrô e na CPTM e que teve entre as principais fontes de arrecadação de sua campanha as mesmas empresas que estão envolvidas nessas denúncias? O que esperar de um governo que durante toda a campanha negou a crise hídrica que atinge o estado e que tem levado há que bairros e cidades fiquem sem uma gota sequer de água por dias e que há poucos dias confirmou que a situação está grave?

Não podemos esperar nada diferente deste governo! O governo Geraldo Alckimin cada dia mais se mostra como um governo inimigo dos trabalhadores, do povo pobre e da educação pública, pois seu compromisso verdadeiro é com as empresas que financiaram sua campanha, com as montadoras que abocanharam bilhões de reais em isenções fiscais e agora demitem em massa os metalúrgicos em todo o estado, depois de terem enviado para fora do país, para suas matrizes, o dinheiro que deveria ter sido investido na educação pública e na valorização dos profissionais da rede estadual de ensino.

Infelizmente, Alckimin não está sozinho no quesito de utilizar a educação como peça de propaganda nas eleições, enquanto na vida real só faz atacar a escola pública, pois também o governo Dilma, apesar de todo o discurso de transforma o país numa "Pátria Educadora", anunciou o corte de R$ 7 bilhões da educação, a área federal que teve o maior corte de verbas, e ainda anunciou como ministro da Educação o famigerado Cid Gomes, conhecido por afirmar, quando era governador do Ceará, que professor não deve trabalhar por dinheiro, mas por amor.

Precisamos construir a unidade da categoria para fazer frente aos ataques à educação feitos por Alckmin e também pelo governo Dilma.

O primeiro passo neste sentindo é realizarmos um grande ato no próximo dia 29 de janeiro para denunciarmos todo o desrespeito que estamos vivendo neste processo de atribuição de aulas, que só tende a piorar, pois as aulas são poucas porque o governo prefere fechar milhares de salas em todo o estado (e superlotar as que permanecem abertas) do que reduzir o número de alunos por sala para a melhorar as condições de trabalho dos professores ou ainda impor a precarização do trabalho do magistério a respeitar a jornada da Lei do Piso, que, se aplicada, teria dois impactos imediatos: melhora da qualidade de vida da categoria com a redução de nossa jornada em sala e garantia do direito ao emprego para todos aqueles que estão sem aulas no momento.

No entanto, para alcançarmos tais bandeiras, precisamos superar a fragmentação artificial que o governo criou para nos atacar e demonstrarmos com nossa unidade e organização que somos todos professores e que estamos fartos de tantos ataques e desrespeito!

Vamos seguir o exemplo dos metalúrgicos da Volks e construir a unidade de nossa categoria para barrarmos as demissões e derrotarmos este governo inimigo da educação.

Richard Araújo é docente da rede estadual de São Paulo. Militante do PSTU e dirigente da oposição da Apeoesp. Sua vida é dedicada às lutas por uma escola onde haja dignidade para alunos e professores, em que predomine um tratamento humano e condizente com as necessidades das pessoas que lutam pra ter uma vida melhor. Seu relato versa sobre o processo de atribuição de aulas de 2015 iniciado em 21 de janeiro de 2015 e do dia 22 de janeiro, quando os professores foram constituir jornada em condições degradantes.