Morre Eduardo Campos, candidato a Presidente da República, em plena campanha eleitoral.
Antes das onze horas da manhã de hoje, na cidade de Santos, no Litoral Paulista, o Brasil perdeu um de seus maiores expoentes políticos da atualidade: Eduardo Campos. Uma perda que devemos lamentar e que produzirá certamente, grandes mudanças no jogo político, sobretudo, com relação às eleições presidenciais. Campos foi figura fundamental, sobretudo após os anos 2000, quando foi Ministro de Ciência e Tecnologia do primeiro governo de Luis Inácio Lula da Silva e em seguida, foi eleito duas vezes governador de Pernambuco.
Eduardo Henrique Accioly Campos, nasceu em Recife em 10 de agosto de 1965, período em que já vigorava o regime militar no Brasil. Neto de Miguel Arraes (político, ex-governador de Pernambuco, exilado do país pelos militares no período de ditadura), conviveu de perto com as problemáticas dos tempos mais obscuros da história recente do país. Por uma triste coincidência, faleceu aos 9 anos de falecimento do avô, que também morreu num 13 de agosto. Seu pai foi cronista e poeta e sua mãe é ministra do Tribunal de Contas da União. Seu tio, Guel Arraes, é cineasta e diretor da Rede Globo.
Precoce desde menino, aos 16 anos foi aprovado para o vestibular de Economia na UFPE. Lá teve inicio sua vida politica. Como muitos colegas, trilhou os primeiros passos da vida política, sendo presidente de Diretório Acadêmico. Por sua trajetória politica, tão extensa, quanto bem sucedida, era considerado um jovem promissor. Em seus recém completados 49 anos de vida, alcançou um currículo admirável:
- Deputado Estadual de Pernambuco - de 1991 a 1995
- Deputado Federal por Pernambuco - de 1995 a 2007
- Ministro da Ciência e Tecnologia - de 2003 a 2004
- Governador de Pernambuco - de 2007 a 2014.
Eduardo Campos tinha um bom relacionamento político, sendo capaz de dialogar com diferentes frentes do cenário politico nacional. Ex-aliado de Lula, foi bastante criticado ao romper com o governo Dilma. Por outro lado, foi porta-voz do governo durante as Jornadas de Junho de 2013.
Esse ano, ao lado de Marina Silva, encabeçou uma candidatura a Presidência da República, muito elogiada, por ser a alternativa à alternância de poder das últimas décadas que tem se dado em torno da bipolaridade PT e PSDB. A expectativa girava em torno da propaganda eleitoral que começaria na próxima segunda-feira e no fato de o candidato ter grande aceitação nos estados do Nordeste. Nas últimas pesquisas, ocupava o terceiro lugar, tendo cerca de 10% das intenções de voto.
Foi presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro), partido que embora tenha na sua sigla a nomenclatura do socialismo, estava muito mais ligado a ideais neoliberais, defendendo metas e meritocracia. Em sua última entrevista concedida ontem (ao canal Globo News), falou incessantemente a cerca da implantação das mesmas, bem como da elaboração de um Plano Nacional de Segurança Pública, aludindo aos já existentes na área de Educação e Saúde. Falou também da intenção de implantar em todo o Brasil um ensino de tempo integral (turnos de 7 horas de estudos).
Eduardo Campos deixa viúva e cinco filhos, seu caçula, Miguel, tem apenas oito meses e é portador de síndrome de Down. Uma perda que entristece a todos, pois independente das escolhas políticas que tenhamos, fica o lamento pelas vidas perdidas no acidente. A vida de Eduardo Campos e de sua equipe, piloto e co-piloto chegou ao fim de maneira inesperada: acidente aéreo em plena campanha eleitoral.