segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A polêmica posição do Congresso Brasileiro a respeito da família:


Uma família se constitui de quem ela quiser em nome do amor.

Uma das mais recentes polêmicas do Congresso Nacional é a aprovação do PLC 6583/2013 que dispõe sobre o conceito de família a ser considerado legitimo pela lei brasileira. Para a maioria dos deputados, o conceito de família envolve apenas o pai, a mãe e os filhos ou um dos dois e os filhos. As demais relações são desconsideradas legalmente.
Na última semana, esse foi um dos temas mais debatidos nas redes sociais. Em pleno século XXI, os congressistas buscam impor uma configuração totalmente conservadora que não condiz com a realidade das famílias brasileiras.
O ato pode até mesmo ser entendido como uma espécie de retaliação aos casais homo afetivos, por exemplo, mas erra feio, ao desconsiderar que famílias de configurações diversas se compõem no país e não apenas por uma questão de sexualidade. As circunstâncias da vida das pessoas, as afinidades e o afeto, são componentes fundamentais para a constituição familiar. Isso vai muito além da relação parental formal e da própria constituição biológica que em tese forma os indivíduos. 
Ser família é estabelecer uma parceria de intimidade, carinho mútuo, cuidados e etc. Isso pode acontecer ou não entre pessoas que possuem os mesmos laços de consanguinidade. Isso normalmente se dá entre quem tem a disposição e a coragem de doar-se ao outro.  
Nesse sentido, há pais carnais que em nada constituem a família de uma pessoa. Pois essa disposição é de dentro do homem, surge no coração e se estende ao exterior. Uma família se faz com grandes doses de afeto e generosidade. Isso, lei nenhuma consegue regular.
É evidente que para uma criança se fazer, é necessário que haja um pai e uma mãe para concebê-la. Toda a humanidade nasceu de uma mulher e nada mudará esse fato consumado na vida de absolutamente todos nós. Porém, isso por si só não garante amor, proteção, carinho e o cuidado necessário. Se assim fosse, como explicar pais biológicos que colocam um ponto final a vida de seus próprios filhos?
O mais importante é entender que uma família pode ter a forma que ela quiser. Ter uma avó, um tio e uma criança, por exemplo. Uma família pode ser feita por um amigo protetor, que dá aquela ajudinha em nome do amor. Uma família pode até ser do padrasto amoroso, que terminou seu relacionamento com a mãe, mas continua mantendo os mesmos laços afetivos com o seu queridinho. Em outras palavras, o que torna uma família verdadeiramente uma família é o amor.
Nesse sentido, o homem mais importante do nosso mundo ocidental, Jesus Cristo, estaria vivendo ilegalmente, segundo as leis brasileiras, já que sua mãe não o concebeu por conjunção carnal com seu pai adotivo. E aí, como ficaria isso aí?

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Para gostar de ler - Casa de Pensão:


Aluísio de Azevedo escreveu no século XIX uma trama envolvente e surpreendente que poderia ser de um filme ou uma série de TV do século XXI.

Essa é certamente uma das mais surpreendentes obras literárias do nosso país. O autor, Aluísio Azevedo, primeiro escritor profissional do Brasil a receber remuneração para compor sua obras, nos conta em terceira pessoa, a história de Amâncio. O jovem maranhense, vai a Corte (o Rio de Janeiro) estudar. Na viagem, leva na bagagem os conflitos de uma vida inteira e as esperanças de uma vida melhor em meio a liberdade agora conquistada.
Contudo, para alcançar a liberdade é preciso se estabelecer minimamente na capital do país. Para tanto, é preciso residir por algum tempo em casa de um amigo de seu pai. Esse momento revela a dualidade de uma personalidade que se manteve reprimida por um longo tempo e que agora tem a oportunidade de desabrochar.
Os primeiros dias revelam um jovem cuja mascara de estudioso revela ao leitor o boêmio que nutre o gosto pelas conquistas e aventuras amorosas, ardendo de desejo por todas, inclusive sua protetora em terras cariocas. Mas o destino o leva ao reencontro com um amigo de infância, que também está a cursar o ensino superior na capital do país.
Desse reencontro, também participa João Coqueiro, que por baixo de sua máscara de bom rapaz esconde uma personalidade extremamente ambiciosa e perversa, capaz de um plano mirabolante de sedução, através de sua irmã, que é usada como isca para atrair (e extrair) as riquezas de Amâncio. Coqueiro o convence a habitar uma casa de pensão, onde boa parte da trama se desenvolve.
Numa história envolvente de tramas que ultrapassam os limites da imaginação do leitor a respeito da história, o livro detalha como era a cidade do Rio de Janeiro em meados do século XIX e mostra aspectos contidos na personalidade dos homens que ultrapassam os tempos. Apesar de sua linguagem tão diferente daquela que usamos cotidianamente e que a primeira vista parece tão difícil, ao deslanchar na leitura, torna-se um detalhe se tratar de uma obra secular e cada página ou capitulo se apresentam com incríveis novidades. Ao melhor estilo das séries televisivas contemporâneas, o livro prende a atenção e nos transporta a um lugar bem longe no tempo e ao mesmo tempo tão atual, com sentimentos tão semelhantes aos do século XXI.
Uma leitura indispensável aos apreciadores de uma boa leitura. 

domingo, 6 de setembro de 2015

A experiência de um intercâmbio nos Estados Unidos:

Morar longe do país. Num lugar legal. Conhecer pessoas novas, respirar novos ares, em ambiente totalmente diferentes. Quem nunca teve esse sonho? Como será realizá-lo? Para compreender melhor essa realidade, conversei com minha ex-aluna da E.E. Pe. Simon Switzar, Carolina Dornelas,  que aos vinte e um anos vive essa experiência mágica que faz crescer em todos os sentidos. Além de estudar, ela tem a possibilidade de trabalhar lá e interagir com as pessoas que a cercam. É uma experiência maravilhosa, pois além da viagem em si,  proporciona a vivencia cotidiana fora do país em todos os aspectos. Carol vive nos Estados Unidos, onde trabalha e estuda. Foi colega de turma de Ananda e Laís que já dividiram suas experiências acadêmicas com o blog.. Sua ida se deu através de um programa de intercâmbio e esse cotidiano ela nos revela nas linhas que se seguem:

Luana Ensina - Como surgiu a oportunidade de ir para os Estados Unidos?

Carolina Dornelas - A oportunidade de vir surgiu quando meu melhor amigo me apresentou ao programa de intercambio AU PAIR. É basicamente um intercambio de trabalho e estudo,  onde você escolhe uma família americana ainda no Brasil e depois vai morar na casa deles nos Estados Unidos, trabalhando como babá de seus filhos. Você recebe um salário semanal e uma bolsa de estudos de até 500 dólares para fazer o curso que quiser. É um programa muito bacana para quem,  assim como eu,  quiser viver fora do país por um tempo,  sem gastar muito. O tempo máximo desse intercambio é de 2 anos.

Luana Ensina - E a adaptação longe de casa? Fale sobre a maneira como tem sido recebida pelas pessoas.

Carolina Dornelas - Minha adaptação foi umas das coisas mais difíceis dessa experiência toda. Só perde para a saudade da família. Lembro que o primeiro mês foi bem brutal. Estar num lugar totalmente diferente de casa, onde tudo: as pessoas,  os costumes, as comidas são tão diferentes do que eu conhecia... foi bem tenso. Acho que só comecei a me adaptar mesmo a partir do terceiro mês (estou no décimo mês). A família americana que me acolheu, graças a Deus, me recebeu maravilhosamente bem. Sinto que sou parte da família nessa casa. Agora,  de outros americanos, eu não sinto a mesma receptividade. Eles são meio fechados, totalmente diferentes de nós brasileiros, que recebemos qualquer um de braços abertos - isso foi outra coisa difícil na minha adaptação - aqui, eles só dão um aperto de mão e olhe lá.

Luana Ensina - Quanto à língua, neste caso, o inglês, você consegue se comunicar bem com as pessoas falando este idioma?

Carolina Dornelas - Graças a Deus, não tenho problemas com o inglês. Estudei esse idioma durante quase 5 anos, antes de vir pra cá, então, quando eu cheguei, conseguia me virar bem. Consigo conversar normalmente e entendo praticamente tudo. Obvio que ainda tenho muito para aprender, principalmente, o vocabulário. Cada dia aprendo uma coisa nova com os meninos que eu cuido. Eles tem 12 e 13 anos e são meus principais professores aqui, me corrigindo toda vez que eu erro alguma coisa.

Luana Ensina - O que há de positivo e negativo nessa experiência que você está vivendo ao morar fora do país?

Carolina Dornelas - Poxa, tem TANTA coisa positiva que veio com essa experiência. Conhecer e viver uma cultura diferente daquela que eu cresci vendo nos filmes. Tem sido demais! Aprimorar o meu inglês. Agora, o crescimento pessoal, tem sido a coisa mais positiva. Nesses 10 meses, aprendi a me virar totalmente sozinha e a não depender de ninguém pra nada. Abri mais a cabeça. Aprendi a ter paciência... Tenho aprendido tanto todo dia! E de negativo, acho que o fato de saber que agora casa nunca mais vai ser o bastante pra mim - ganhei uma vontade imensa de conhecer o mundo todo com essa experiência.

Luana Ensina - E a saudade de casa, de Poá-SP, da família e dos amigos? 

Carolina Dornelas - Como eu disse, a saudade é a parte mais dificil disso aqui. Não tenho saudade da cidade em si, mas sim das pessoas (e da comida maravilhosa, obviamente). Se eu pudesse, trazia todo mundo pra cá e não voltava mais! As coisas aqui são BEM mais fáceis. Vou voltar pela minha famíla, que não trocaria estar perto, por nenhum lugar do mundo!

Luana Ensina - O que você diria para um jovem que tenha interesse em morar nos EUA?

Carolina Dornelas - Eu diria: se puder vir, VENHA! É uma experiência inesquecível e única. Vai te fazer enxergar e valorizar as coisas que tem realmente importância para você, sem contar o diferencial que uma experiência dessas  trás para um currículo de trabalho!


Em 2011, na E.E. Pe. Simon Switzar, com a amiga Laís Silva.

Carol aproveitando as belas paisagens americanas. No calor do verão, a oportunidade de usar roupas brasileiras.


Aqui, a estudante aproveita o frio intenso e a neve. Um espetáculo e tanto para quem cresceu num país tropical!


Carolina Dornelas aproveitando o cotidiano americano em sua experiência como intercambista brasileira nos Estados Unidos.

Para saber mais:
  • O AU PAR é uma espécie de associação entre pessoas que precisam de cuidadores para os filhos e pessoas dispostas a ir trabalhar e estudar fora de seu país. É uma opção bacana para quem quer viver essa experiência sem gastar muito.
  • A Carol viajou tendo o domínio do idioma local: o inglês. Isso garante uma segurança a mais para evitar maus entendidos entre as partes,  por exemplo. Por isso, para começar a pensar no intercâmbio é necessário iniciar pelos estudos do idioma primeiro.
  • Quem quer viajar pra fora deve estar ciente de que terá despesas básicas com passaporte, passagem aérea e ter uma quantia de dinheiro que garanta sua sobrevivência até o recebimento de seu primeiro salário. É um passo importante na vida da pessoa,  que deve contar com o apoio da família, em primeiro lugar.

Relembrando: o que é charge mesmo?


Nessa charge, Jaguar trata da hipocrisia social de quem defende certas reivindicações em prol dos outros mas faz justamente o contrário em seu cotidiano.

Charge é uma linguagem usada há séculos para criticar ou satirizar a realidade atual através de um recurso cheio de criatividade: a ilustração. Os chargistas são artistas que usam da sua sensibilidade para captar as mazelas vividas pela sociedade e assim expõem uma visão crítica de determinados episódios.
Sua crítica tem cunho político-social e trazem à tona essas questões sempre de maneira à enfatizar, fazer um certo humor e elevar o pensamento de quem a compreende, que assim pode refletir sobre o tema. Palavra de origem francesa, charge significa carga, em referência ao exagero que provoca ao destacar no desenho um fato ou uma personagem.
As charges foram muito usadas em tempos de Revolução Francesa,  por exemplo,  momento em que criticaram de maneira ferrenha os privilégios do primeiro e segundo estado em detrimento do povo (o terceiro estado).


Nessa charge, o terceiro estado é representado carregando o primeiro e o segundo estado nas costas. Em outras palavras, o povo pagava caro o beneficio de alguns poucos privilegiados.

No Brasil, ainda no século XIX, as charges eram usadas para criticar a monarquia. Os jornais sempre teciam manifestos contrários ao governo da época, utilizando-as para ilustrar seu descontentamento com o governo e acender ainda mais as discussões em torno das questões partidárias, sua relação com a Igreja e assim por diante.


A charge mostra D. Pedro II tentando domar o jogo político: seus aliados: a tartaruga representando o partido liberal e o caranguejo, representando o partido republicano.

As charges persistem até os dias atuais e são indutoras do pensamento livre a cerca das inúmeras questões cotidianas do nosso tempo. É uma arte dominada por poucos, mas imprescindível na nossa sociedade por fazê-la pensar. Polemizar é uma arte dificílima por abraçar a linha tênue entre o equilíbrio e a loucura. Mas qual de nós pode equilibrar-se em tal corda bamba? Difícil manter-se nesse trapézio, não?