terça-feira, 18 de junho de 2013

Junho de 2013:

Os grandes acontecimentos da juventude se fazem em meses expressivos. Foi assim em 1968, quando os jovens franceses gritaram toda a sua revolta e insatisfação, gerando um levante popular que deu vazão a muitas mudanças na sociedade e impulsionou jovens do mundo inteiro a clamarem por liberdade. No Brasil, que à época vivia sob um regime militar, não foi diferente. Esses acontecimentos deram sentido a uma serie de manifestações estudantis, contra o sistema politico, que culminaram com o endurecimento do regime, o AI-5, e a ditadura instaurada.


Brasil, 1968.

Feita essa pequena explicação, devo dizer, que vivenciamos evento semelhante. Há algum tempo, no Oriente Médio, ocorreu a Primavera Árabe, uma série de manifestações do povo contra seus governantes opressores e ditadores. Essas mobilizações puseram ponto final a governos que há muito tempo abusavam do poder nesses países.


Primavera árabe. 2012.

O que vem acontecendo nos últimos dias em São Paulo e nas demais capitais brasileiras, é o despertar de muitas insatisfações do povo brasileiro com os seus governantes, que nos últimos anos, tem prometido os céus aos eleitores e, após eleitos, oferecido o inferno aos mesmos. 
Na capital paulista, tudo começa quando em 2012, o novato candidato Fernando Haddad vence a figura política mais controversa e rejeitada dos últimos anos, José Serra. Prometendo mudanças, o candidato vem com propostas encabeçadas sob o slogan Pense Novo. O eleitorado então, deposita no candidato, esperanças de uma cidade melhor. Contudo, os primeiros meses de novo governo não trazem uma mudança de fato, isso se expressa numa greve do professorado municipal, que além de reivindicar reajuste, requer condições dignas de trabalho, menos assistencialismo e mais respaldo. 
O estopim da insatisfação se dá quando o prefeito, juntamente com o governador do Estado de S. Paulo, Geraldo Alckimin, autorizam um aumento que eleva o preço das passagens de R$3,00 para R$3,20. Os vinte centavos, não seriam problema, se a população tivesse um transporte digno. Ocorre que na cidade de São Paulo, a insatisfação é enorme, pois há menos ônibus que passageiros, não há espaço pra tantos passageiros em trens e metrô. Ou seja, cobra-se muito caro por um serviço de má qualidade.

Movimento Passe Livre pede a revogação do aumento da passagem.

Tradicionalmente, todos os anos, quando se aumenta os valores das passagens de ônibus, movimentos de estudantes saem as ruas para protestar, pois o valor do ônibus elevado, dificulta demais a vida de quem precisa procurar emprego, fazer cursos, entre outras coisas. A diferença dessa vez é que junto com a insatisfação de sempre, veio atrelada, outras insatisfações: corrupção, gastos excessivos com eventos esportivos, saúde em caos, educação sem qualidade, falta de segurança, etc.
Foram realizadas algumas manifestações do Movimento Passe Livre, que contaram a pouco com a adesão de milhares de pessoas, na capital paulista. O motivo da adesão, foi a truculencia policial empregada contra os manifestantes nas primeiras manifestações, sobretudo, em 13 de junho, quando a Tropa de Choque, da PM paulista, transformou a Avenida Paulista (tradicional palco das manifestações da cidade) em um cenario de guerra. Muitos manifestantes foram duramente combatidos. Isso gerou criticas a atuacao da PM não só por parte dos manisfestantes, como por parte da sociedade civil que passou a abraçar a causa, fazendo outras reivindicações. Não se tratava mais de vinte centavos.


Pedido de mudanças no país,

Juntos aos jovens, muita gente da sociedade civil se uniu ao coro para cbrar do governo providencias. 
Nas ruas, se via uma movimentação muito grande de pessoas pedindo mais saúde, educação, segurança, paz, etc. Nos manifestos, fazia-se um uníssono de insatisfação com a corrupção e com o descaso com os serviços públicos.


Idosa se manifesta.

Em outros países, brasileiros organizaram atos em solidariedade aos manifestantes. Londres, Paris, Nova York também deram seu grito por menos corrupção e mais benefícios ao cidadão brasileiro. A imprensa estrangeira, começou a noticiar o que ocorria por aqui.


Em Berlin por um Brasil melhor.

A imprensa brasileira.que até então sempre se mostrou contraria aos movimentos populares, como a greve de professores, acusando-os de fecharem o transito, por exemplo, passou a apoiar o povo nas ruas. Mostrando, com enfase, atos de violência e vandalismo.
A essa altura, a copa das confederações, evento esportivo de grande porte, transformou-se em copa das manifestações. Aguardemos os próximos desdobramentos conjunturais.


Diante de tantas exigencias da entidade, o povo também requer o seu padrão.


Protesto em frente a um estádio de futebol.

sábado, 1 de junho de 2013

Dom Casmurro - para ler e refletir:


Há duas semanas, o aluno Carlos do 2º B emprestou-me um livro do Machado que ainda não havia lido: Dom Casmurro. Esse é um dos três da trilogia machadiana, que se completa com Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.
A história, é deliciosa de ler, mesmo com um português muito bem articulado, onde as palavras surgem antes da negação e há um muita vez, estranho para os dias em que saber usar o plural é uma dádiva. O fato é que é maravilhoso embarcar nesse universo, com suas palavras bem ditas e em um Rio de Janeiro distante e nem por isso, menos bonito.
A trama se desenvolve em torno da amizade de infância entre Bentinho e Capitu. Ele, na dúvida entre o amor nascente pela amiga/vizinha e o seminário. Ela, em suas atitudes doces e encantadoras, capazes de conquistar a todos.
O tempo passa, o jovem vai para o seminário, não sem a promessa de amor eterno e lá vive um ano. Na ocasião, conhece aquele que será seu amigo que o acompanhará boa parte da vida, o jovem Escobar, pessoa muito amável e agradável. Ao findar o ano, o seminarista é dispensado e volta para juntos dos seus, indo estudar em S. Paulo.
Em seu retorno ao Rio, Escobar já está por se casar com a amiga de Capitu, Sancha e em pouco tempo, Bentinho e Capitu contraem núpcias. O casamento corre às mil maravilhas e a amizade entre os dois casais cresce dia a dia.
O tempo passa, a amizade se fortalece cada vez mais. Escobar e Sancha tem uma filha, a quem dão o nome de Capitu. Bentinho e Capitu, tentam muito ser pais, até que finalmente conseguem. O unigênito recebe o nome de Ezequiel, em homenagem a Escobar. 
Escobar morre afogado. Sancha e Capitu vão embora para o Paraná. Pouco a pouco, Bentinho percebe as semelhanças físicas entre o filho e o finado. A grande paixão da juventude dá lugar à amarguras e solidão. 
O final eu não conto, peço que leiam e percebam as nuances da história. De maneira sutil, Machado de Assis dá pistas que só percebemos ao terminar da história. Não seria essa uma obra de final feliz, nem triste, mas de muita reflexão, de muito pensar, a cerca da fragilidade da condição humana. O que teria levado à tamanha traição? Cada um chegue as suas conclusões. Eu tenho as minhas próprias.
É uma leitura muito interessante, que faz o leitor viajar para outros tempos e vê-se a caminhar por uma Rio de Janeiro imperial. Recomendadíssimo.