Vídeo elaborado pelo professor Lucas Marfim.
Desde o último dia 13, os professores do Estado de São Paulo estão de greve. A Assembléia Estadual dos Professores ocorrida no vão livre do MASP, na Avenida Paulista (centro financeiro da capital paulista) optou por suspender as atividades docentes no estado. A greve é consequência dos inúmeros ataques sofridos pelos professores paulistas ao longo dos últimos anos. Entre eles, pode-se destacar a precarização do trabalho docente, subdividido em categorias, que possuem direitos diferenciados apesar de exercer o mesmo trabalho; a falta de estrutura para lecionar em escolas que não possuem estrutura física adequada e segurança, entre outras coisas. Além disso, o governo não cumpre a lei do piso nacional, que dá mais tempo para o professor preparar aulas, e não dá aumento real de salário há muito tempo. O professor é o único profissional de nível superior que não recebe como tal, mesmo quando avança nos estudos, não é remunerado a altura. Não há sequer um plano de carreira que incentive ou valorize os professores estaduais.
Como se não bastasse essas questões, o governo conseguiu precarizar ainda mais a situação, ao diminuir as aulas destinadas aos professores de Educação Física, que nos últimos anos são obrigados a se filiar ao CREF, tendo que pagar do próprio bolso R$400,00 anuais e podem ser punidos a qualquer momento. No estado inteiro, cerca de 1000 salas de aula foram fechadas, o que deixou milhares de professores desempregados. Mesmo os efetivos e concursados tiveram que acomodar suas aulas em situação precária, tendo que pegar aulas em substituição de seus próprios colegas. Muitos estão alocados em 3 ou 4 escolas para constituir jornadas de 20, 24 aulas.
Se a situação está difícil para os efetivos, para estáveis e contratados está muito pior. Muitos professores que estão próximos de se aposentar, ficaram sem aulas. Outros estão impedidos de lecionar por 200 dias (duzentena). Esses professores estão desempregados para que o governo não possua vinculo empregatício e assim não pague os direitos trabalhistas. Cerca de 20 mil professores estão impedidos de dar aulas nesse primeiro semestre letivo. Sem contar que nas escolas, além da falta de professores e da superlotação das salas de aula, há um corte de verbas que diminuiu ainda mais as condições de manutenção básica, como a própria compra de materiais de higiene e limpeza.
O governo diminuiu a quantidade de professores coordenadores pedagógicos - que auxiliam no andamento dos projetos pedagógicos - mostrando que não está de fato preocupado com o aprendizado dos alunos que pertencem à rede estadual, ou seja, seus 5 milhões de alunos. Por outro lado, o governador anunciou que cortaria despesas com a Educação, não daria aumento aos professores em 2015, mas aumentou em mais de 4 mil reais o seu salário e o de seus secretários de governo, incluindo-se aí o próprio secretário de Educação. Foi anunciado também um aumento de salário aos diretores de escola, como maneira de incentivá-los a cumprir as determinações da Secretaria Estadual de S. Paulo.
Diante de tantos ataques, os professores decretaram a greve num momento de crise educacional. Em fevereiro passado, os professores do Estado do Paraná (estado vizinho) passaram um mês de greve, num movimento que se iniciou com o não pagamento aos professores de seus salários e férias de janeiro.
Como se vê, não resta outra alternativa aos professores. Lutar é preciso para manter seus direitos e parar com tantas opressões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário