Rita Lee, nos anos 1960.
Se os estados-unidenses tiveram um rei do rock, os brasileiros tem uma rainha. Rita Lee Jones Carvalho, uma mulher, que também pode ser um universo, por ser tão rica a sua biografia e a sua discografia.
Filha de um cidadão americano, a menina foi educada em colégio francês e viveu boa parte da vida na Vila Mariana (zona sul de São Paulo). Bem educada, de boa família, a moça chegou a cursar Comunicação Social na USP, em 1967, tendo sido colega de turma de Regina Duarte.
Porém, a menina que durante a infância estudara piano e música clássica, na adolescência, se aproximou do rock e formou bandas colegiais ao lado de amigas e de amigos.
Uma dessas bandas, chamada O`Seis, ao perder três componentes, tornou-se Os Bruxos, e na sugestão feliz de Ronnie Von, tornou-se Os Mutantes. Ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, virou uma das bandas mais importantes da história da música brasileira.
Com uma experimentação musical totalmente nova na época, Os Mutantes chamaram a atenção de Gilberto Gil, que os convidou a participar do III Festival de MPB, da TV Record, em 1967. A apresentação de Domingo no Parque é uma das mais emblemáticas dos tempos de festivais. Graças a essa participação, a banda tornou-se conhecida e no ano seguinte, em 1968, gravou um disco que é considerado um dos mais importantes da nossa música.
A trajetória de Os Mutantes depois do estouro ficou meio conturbada devido ao relacionamento de seus integrantes - nesse interim, Rita casou-se com Arnaldo e, 1968 e separou-se dele em 1972 - e aos interesses da gravadora que usou a banda em gravações solo da cantora nos discos Buid Up (1970) e Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida (1972), que geraram uma crise que colocou um ponto final na banda.
Os Mutantes, Rita Lee ao centro.
Depois disso, Rita Lee teve em sua trajetória a formação de uma dupla com Lúcia Tumbull, de folk rock, que posteriormente gerou a banda Tutti Frutti, porém, devido à censura, o grupo teve o sucesso abortado algumas vezes, da concepção dos trabalhos à finalização dos mesmos.
Em 1975, depois de assinar contrato com a gravadora Som Livre, Rita Lee lança Fruto Proibido, disco que trouxe sucessos fundamentais, entre eles, Agora só falta você e Ovelha Negra. Posteriormente, em 1976, Rita Lee conhece Roberto de Carvalho e tem inicio uma parceria musical das mais importantes, seja no trabalho ou no amor. Pouco depois, grávida de Roberto, Rita Lee foi presa por uso e porte de maconha, o que gerou a comoção de Elis Regina, que foi a delegacia protestar.
As duas viraram grandes amigas, o que levou Elis a gravar Alô, alô marciano, e a morar na Serra da Cantareira por indicação de Rita. É graças ao carinho por Rita Lee (a quem Elis Regina chamava de Rita Maria, que a cantora batizou sua filha de Maria Rita).
A parceria de Rita Lee e Roberto de Carvalho, a partir do final da década de 1970, aproximou a cantora do pop e fez surgir sua carreira internacional. O príncipe Charles, da Inglaterra, já anunciou certa vez, que sua cantora preferida era Rita Lee. Além de cantar, Rita Lee já atuou como atriz no especial Mulher 80, da Rede Globo. Depois de uma década de 1980 de grande sucesso, em que a cantora compôs ate ao lado de Cazuza, nos anos 1990, a cantora se separou de Roberto de Carvalho e se reaproximou do rock, tendo sido apresentadora do TVeezão da MTV.
A cantora tem em sua vida algumas situações de envolvimento com drogas e muitas outras de superação. após um acidente doméstico em seu sítio, por exemplo, os médicos diziam que a cantora jamais iria voltar a cantar, por conta de uma fratura no maxilar. porém, surpreendentemente, Rita Lee voltou com força total pouco tempo depois da cirurgia.
Rita Lee como normalmente a imaginamos: ruiva e de Chanel vermelho.
Outra marca registrada de Rita é sua aproximação aos jovens cantores, ela já se apresentou com Paula Toller, Zélia Duncan, Fernanda Takai e Pitty, além de dividir o palco com Pato Fu, Titãs e Jota Quest. Recentemente, em 2012, Rita Lee se aposentou dos palcos. Após 50 anos de uma carreira recheada de polêmicas, sucessos e altos e baixos, Rita Lee resolveu descansar. Resta-nos todos os registros de uma vida e obra que encantam e fazem pensar, pois ao contrário de muitos que se escondem, a cantora nunca deixou de ser ela mesma e de assumir tudo o que fez de certo ou de errado.
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