Uma das figuras mais emblemáticas da história política brasileira é o monarca brasileiro que mais tempo governou o Brasil. Dom Pedro II que esteve à frente do país por 49 anos no longo século XIX. Sua vida foi gerada para o poder. Da concepção à formação tudo foi preparado para que Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga, seu nome de batismo, assumisse o trono e a condição política do Brasil.
Nascido no Brasil, foi o único político da monarquia genuinamente brasileiro. Filho de D. Pedro I (do Brasil e IV de Portugal) e D. Leopoldina (arquiduquesa da Áustria), teve como parentes figuras importantes da História do Brasil e do Mundo. Foi sobrinho de Napoleão Bonaparte por parte de mãe e neto de D. João VI e Carlota Joaquina na família paterna.
Foi o único filho legítimo de D. Pedro I - filhos legítimos são todos aqueles que nascem do casamento de um rei - por isso, seu destino já foi selado como sucessor do pai na Dinastia da Casa de Bragança. Sua mãe só viveu mais um ano após seu nascimento. Assim, o menino foi criado pela madrasta, D. Maria Amélia com quem manteve uma relação de carinho e afeto apesar das circunstâncias.
Com a abdicação do pai em 1831, que abriu mão do trono brasileiro para ocupar o trono português, o infante D. Pedro II - príncipe imperial - tornou-se Dom Pedro II, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil aos 5 anos de idade.
1. O menino de nome comprido, Pedro de Alcântara só para começar, em meio aos brinquedos que o acompanhariam pouco tempo diante de tantas responsabilidades. A maior delas: conduzir um país.
Com a ida do pai a Portugal, o pequeno ficou sob a tutela de pessoas da confiança de D. Pedro I, como José Bonifácio e a Condessa de Belmonte, além de padres e pessoas da corte sem títulos pomposos. A rotina do garoto era puxada, com muitos estudos e quase nada de tempo para se dedicar à infância. Com uma inteligência acima da média era bem sucedido nos estudos, porém, triste e solitário, ainda mais após a morte de seu pai em 1834, o que lhe deixara efetivamente órfão. Isso explica a sua paixão pelos livros que sempre o acompanharam, sendo seus amigos e refúgio para os dissabores da vida.
Com a crise política instalada no período regencial (disputa de poder para ver quem governava em nome do pequeno Pedro), a maioridade do monarca foi antecipada e aos 14 anos, ele assumiu o poder.
2. Em 1941, para conter a crise política que se instalara no Brasil, Pedro é emancipado aos 14 anos e assume o poder na mais tenra idade.
O muito jovem monarca, bem preparado para o cargo, por anos de estudos que lhe roubaram a infância, em pouco tempo solucionou os graves problemas políticos do país. Sua dedicação ao trabalho era notável e aparentemente o poder não lhe subiu a cabeça. Trabalhava com imparcialidade e discrição. Em viagem pelas provincias doo Sul do país foi recebido calorosamente pelos súditos.
Nas crises políticas que enfrentou no período de 1848 a 1852 (a primeira dizia respeito ao fim do tráfico negreiro, a segunda a Revolta Praieira e a terceira à Confederação Argentina) soube lidar com os problemas utilizando firmeza e inteligencia, sem o emprego de força desnecessária. Esse seu estilo sério e equilibrado de governar promoveu estabilidade e prestígio. Na década de 1850 o governo brasileiro era visto como respeitador das liberdades de imprensa, constitucional e civil. Um avanço e tanto frente a outras nações de seu período, sobretudo na América do Sul.
3. O jovem governante do Brasil no século XIX buscava a solução de conflitos usando como arma um discurso conciliador.
O jovem imperador se casou muito cedo. Aos 17 anos desposou Tereza Cristina do Reino das Duas Sicilias. O casamento começou mal, com Dom Pedro se sentido enganado. Casou-se por procuração com uma linda mulher representada numa pintura. Ao conhecê-la, viu tratar-se de propaganda enganosa. No entanto, com a convivência o afeto entre os dois cresceu e tiveram um bom relacionamento conjugal. Somente recentemente alguns historiadores descobriram uma relação extraconjugal do monarca com uma mulher de nome Luísa - a Condessa de Barral. O "escândalo" historiográfico manchou a biografia do até então marido exemplar e vendeu um número considerável de revistas especializadas em História nos últimos anos.
De seu casamento nasceram Afonso, Isabel, Leopoldina e Pedro. Os meninos faleceram na infância e a herança do trono ficou para Isabel, que assinou a Lei Áurea mas, jamais assumiu o poder por conta da Proclamação da República em 1889.
3. Apesar da veste suntuosa usada duas vezes ao ano, o imperador gostava da vida simples e não custava caro aos cofres publicos. Ao deixar o poder gastava apenas 0,5% do PIB.
Dom Pedro II era um trabalhador compulsivo e uma pessoa extremamente simples. Amante das artes e das ciências promoveu o quanto pode o conhecimento no país. Fundou a Escola Nacional de Belas Artes e o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Concedeu bolsas de estudos para artistas retratarem a História do Brasil. Os chamados bolsistas do imperador são hoje artistas de renome: Pedro Américo, Vitor Meireles, entre outros. Foi profundo admirador de filosofia e estabeleceu relações com grandes cientistas de seu tempo. Também admirava as inovações tecnológicas e assim, trouxe ao país novidades como as locomotivas e a fotografia. Um homem moderno oitocentista este foi Pedro II, imperador do Brasil que até na hora de ser deposto do poder soube sair de cena discretamente até morrer de depressão em Paris, dois anos depois. Uma vida simples, triste e bem conduzida.
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