Nessa charge, Jaguar trata da hipocrisia social de quem defende certas reivindicações em prol dos outros mas faz justamente o contrário em seu cotidiano.
Charge é uma linguagem usada há séculos para criticar ou satirizar a realidade atual através de um recurso cheio de criatividade: a ilustração. Os chargistas são artistas que usam da sua sensibilidade para captar as mazelas vividas pela sociedade e assim expõem uma visão crítica de determinados episódios.
Sua crítica tem cunho político-social e trazem à tona essas questões sempre de maneira à enfatizar, fazer um certo humor e elevar o pensamento de quem a compreende, que assim pode refletir sobre o tema. Palavra de origem francesa, charge significa carga, em referência ao exagero que provoca ao destacar no desenho um fato ou uma personagem.
As charges foram muito usadas em tempos de Revolução Francesa, por exemplo, momento em que criticaram de maneira ferrenha os privilégios do primeiro e segundo estado em detrimento do povo (o terceiro estado).
Nessa charge, o terceiro estado é representado carregando o primeiro e o segundo estado nas costas. Em outras palavras, o povo pagava caro o beneficio de alguns poucos privilegiados.
No Brasil, ainda no século XIX, as charges eram usadas para criticar a monarquia. Os jornais sempre teciam manifestos contrários ao governo da época, utilizando-as para ilustrar seu descontentamento com o governo e acender ainda mais as discussões em torno das questões partidárias, sua relação com a Igreja e assim por diante.
A charge mostra D. Pedro II tentando domar o jogo político: seus aliados: a tartaruga representando o partido liberal e o caranguejo, representando o partido republicano.
As charges persistem até os dias atuais e são indutoras do pensamento livre a cerca das inúmeras questões cotidianas do nosso tempo. É uma arte dominada por poucos, mas imprescindível na nossa sociedade por fazê-la pensar. Polemizar é uma arte dificílima por abraçar a linha tênue entre o equilíbrio e a loucura. Mas qual de nós pode equilibrar-se em tal corda bamba? Difícil manter-se nesse trapézio, não?
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