A Educação tem sido o desafio de muitos pensadores na Era Contemporânea. No século XX, tempo de grandes turbulências, dadas as circunstancias politicas ocasionadas pela Primeira e Segunda Guerra Mundiais, que geraram uma nova configuração no campo social, político e econômico, não foi diferente. Além disso, houve a Guerra Fria que também trouxe muitas incertezas.
Para pensar a respeito da Educação, muitos pedagogos, filósofos, sociólogos, historiadores, entre outros, elaboraram pensamentos que chegaram até os nossos dias com tamanha força, que até hoje vem sendo discutidos no mundo acadêmico. Um desses pensadores que estabeleceu um importante pensamento a respeito da Educação e seu sistema, foi Edgar Morin, francês, intelectual com longa experiencia na carreira voltada às Ciências Humanas, que elaborou estudos voltados à epistemologia, ou seja, ao estudo das origens, métodos e da própria validade do conhecimento.
Se Morin se preocupava em entender a educação sob o viés da epistemologia, evidentemente, como fazê-lo em uma sociedade tão complexa como a ocidental, pós-moderna?
Em seu livro, já na apresentação, o autor revela que os sete saberes, são na realidade, sete pontos esquecidos pelos governos em geral, são sete lacunas ou sete buracos negros. Ele os enumera e apresenta assim sua visão filosófica, na qual, em linhas gerais, propõe um ensino voltado para a interdisciplinaridade. Os sete saberes ficam assim elencados:
1. Conhecimento: embora seja esse o objetivo da educação, pouco se diz a seu respeito, o que é, o que significa. Conhecimento traz consigo erros e ilusões. Não é um espelho da realidade, ao contrário, é tradução de alguém, algo que vai sendo re-construído.
2. Conhecimento pertinente: embora as disciplinas sejam importantes, todas elas se ligam de alguma forma, porém, nem sempre isso é perceptível. Se as disciplinas são visíveis, suas conexões são invisíveis. É preciso destacar a conexão entre elas e contextualizar os estudos, os dados, os conhecimentos, enfim. "Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes".
3. Identidade humana: os cursos escolares esquecem do principal, a reflexão sobre quem somos nós. O homem é visto sob o ponto de vista de diversas ciências (biologia, psicologia, história, etc.), no entanto, não se procura decifrar a realidade humana. O individuo vive em sociedade (e a sociedade dentro dele), mas, o homem é uma espécie (homo sapiens). A essa relação, Morin deu o nome de realidade humana trinitária. O homem possui diversas dimensões: racional, jogador, ludens, economicus e mitologicus.
4. Compreensão humana: embora a compreensão seja fundamental em nossas vidas, não a ensinam na escola. Compreensão significa unir diversos elementos numa unica explicação. Para compreender, o homem usa toda a sua gama de experiencias. Os inimigos da compreensão são o individualismo, o egoísmo e assim por diante. O que gera a incompreensão é achar o outro inferior, a visão unilateral. a falta de inteligência da complexidade humana.
5. Incerteza: a escola transmite conhecimentos provados, aparentemente prontos, cheios de certeza. Contudo, até as ciências mais exatas possuem suas dúvidas, na natureza, as catástrofes demonstram que nem tudo ocorre como o esperado. Existe o imprevisível, porém, nem sempre ele é negativo, ele pode gerar a coragem que leva a superação.
6. Condição planetária: a conexão entre todos os países do mundo, hoje ela é chamada de globalização, mas esse processo teve inicio lá no século XVI com a colonização da América. Não apenas os homens estão conectados, mas as tecnologias, as informações e assim por diante. A expansão mundial e a conectividade, no entanto, não tem conseguido impedir que o homem degrade o seu habitat, o planeta onde vive. É necessário conscientizar da importância de cuidar do planeta.
7. Antropo-ético: reflexão a cerca dos problemas de moral e ética que embora sejam diferentes entre as culturas, existem em todas elas. Democracia nunca é absoluta. Transmitir a consciência social leva a cidadania e o individuo a exercer sua responsabilidade (social). As OnGs desenvolvem essa responsabilidade social.
A intenção de Edgar Morin ao escrever sobre os sete saberes, não foi mudar os programas ou currículos educacionais. Ao contrario, ele pretendia que esses saberes fossem incorporados às estruturas já existentes, produzindo assim uma reflexão importante: em que mundo vivemos e quais heranças iremos deixar. Os sete saberes são fruto de uma educação que se conecta, contextualiza, insere valores humanos e procura entender o homem em toda a sua essência
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