Muito mais que um livro que cai no vestibular, esse clássico de Lima Barreto é um romance pré-modernista que trata de um brasileiro mais que especial. Policarpo Quaresma é um nacionalista que explicita de maneira grandiosa sua paixão pelo Brasil.
O livro, do inicio do século XX, mostra que já naquela época, haviam as pessoas que se acomodavam diante do sistema, fazendo-se portadoras da voz do poder em suas ações irrefletidas no cotidiano. Pessoas cumpridoras dos seus deveres, nada mais. Quaresma, evidentemente, ia na contramão de tudo isso.
Em sua visão nacionalista, chega a ser uma personagem dramática e cômica em seu exagero de amor pelo país. Suas falas defendem a brasilidade acima de qualquer coisa, até o ponto de ser considerado louco.
As pessoas próximas não entendem amor tão inflamado que o leva a estudar profundamente na busca por encontrar soluções para os problemas brasileiros que surgem após a proclamação da república. Nesse sentido, a literatura torna-se um importante documento para a historiografia, pois Lima Barreto, descreve detalhadamente a cidade do Rio de Janeiro e a sociedade de seu tempo.
Lima Barreto, aliás, é autor mas poderia facilmente ser uma das personagens do livro, pois sua biografia nos mostra que Afonso Henriques de Lima Barreto além de jornalista, foi um escritor brilhante e libertário, incompreendido em seu tempo.
Filho de ex-escravos, aprendeu com o pai a tipografia e prematuramente perdeu a mãe, professora primária, herdou deles uma paixão saudosista pela monarquia, o que talvez explique (e muito) às criticas à República presente nessa obra.
Triste fim de Policarpo Quaresma é para ler e conhecer o Brasil de outrora. É para pensar nas permanências que ainda se fazem presentes na sociedade atual e acima de tudo, é para se encantar com o amor pelo Brasil de uma personagem que vai até o fim em suas convicções e que não esmorece mesmo diante de tantas desconfianças.
Leiam, porque vale muito a pena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário